segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Santiago

Eis que me ataca uma dúvida cruel. São 7 horas da manhã e o despertador toca.Calço meu tênis de corrida e saiu. Apesar do meu esforço em correr cada vez mais rápido, a dúvida me persegue por todo o parque e igualmente cansada, sobe as escadas e volta comigo para casa. Ela se ducha na água morna sem pressão, e quando por um instante, penso que finalmente se foi pelo ralo junto com meus cabelos; é, justamente, ela que entra atrasada no metrô lotado.
A dúvida grita meu nome e finjo não escutá-la.
Então, ela grita mais alto e eu, constrangida e dividida entre Baquedado e Salvador, aumento o volume da música.
As portas do metrô se fecham e observo meu reflexo no vidro. Estou cansada. Pareço cansada. Lembro da noite passada e da tal dúvida cruel atacando meus pés gelados.
O metrô pára, abrem-se as portas e eu finalmente saiu. Ela segue ao meu lado e finalmente toma-me a mão. Eu desisto de fugir – ela rouba minha atenção e bebe meu café – e o dia passa.
Depois de tantas horas juntas, eu estou feliz com sua companhia e já não me lembro mais porque fugia. Rimos e dançamos no apartamento sem móveis.
E sem se despedir, ela some!
E no mesmo instante que some, eu abro uma caixa de texto e escrevo: Eis que me ataca uma dúvida cruel.