sexta-feira, 9 de novembro de 2012

À cama alta de lençois brancos.

Partiu.Não sinto falta de seus ataques de mau-humor. De sua segurança pretenciosa de que ficaríamos eternamente juntos - com ou sem meu consentimento. Não sinto falta da insegurança que me provocava todas as mulheres do passado. Não sinto falta dos olhos inchados de brigas desnecessárias da noite anterior. Não sinto falta de alguém me perguntando como foi meu dia. Mas o que faço com o resto? O resto escondido em cada canto daquele apartamento, desse meu corpo, daquela nossa vida... Sinto todo ar me comprimindo. Cabeça, pernas e peito...Me comprime para que eu não consiga segurar o oceano logo atrás dos meus olhos..., mas eu resisto. Não porque sou valente. Talvez mesmo, porque sou tonta. E tonta seguirei naufragando todo o resto das coisas que sim me fazem falta. Felizmente, escrito no ano anterior. (E esquecido até hoje.)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Escreveria tudo se sentisse um pouco daquilo que nao sei.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Entre letra e música

Malditas palavras adoráveis. Basta eu hesitar. Basta eu pensar que poderia estar novamente de coração partido e vocês aparecem saltitantes, insaciáveis e terríveis. Malditas palavras adoráveis. Me amam? Ou amam o gosto perdido de minha boca? Os olhos brilhantes das lágrimas que não caem? Malditas palavras adoráveis. Tenho de escolher? É tão injusto. Malditas palavras adoráveis. Eu rio. Nunca precisei escolher. Diante do amor, eu me rendia sem perceber. Eu as expulsava sem dó. Sentia até prazer em vê-las partir. Meu corpo se enchia de música. E eu me tornava uma maldita mulher adorável.

Apenas uma dose de amor

Por que amar? Descobri hoje que basta uma dose extra de café puro e todos os sintomas do amor aparecem. Então sinto minhas mãos suadas, o frio nas extremidades, o tremor dos dedos, a falta de ar, pupilas dilatadas,a insônia boa, uma dorzinha prazerosa no fundo do peito e a sensação de comer pra quê?
Sim, basta uma dose de café extra todos os dias. Um café que sempre ficará nos sentimentos do primeiro bom encontro, que não te liga, que você pede quando tem vontade, sem discussão - talvez, uma ou outra acerca de açucar,adoçante...
Acabaram os sofrimentos, o medo da perda, os desacordos, a decepção.
Basta amá-lo.
E ele estará ali. Pronto para confortar um coração cansado.
Mas lembre-se: cafés não sabem escrever cartas de amor.

domingo, 8 de maio de 2011

Fui eu ou o amor?

O anel duplo de zebra ficou no canto da pia do banheiro. Os dedos dentro dele se foram. Tocaram por última vez meu rosto e abriram porta. Tive tanta raiva daqueles dedos gelados tocando meu rosto. Raiva, porque, por um segundo, achei que era mentira. Afinal de contas, a dona do anel de zebra era atriz. E quando se tratava de discussões,ela era profissional. Então tive raiva dos dedos gelados, porque achei que eles também-junto àqueles olhos inchados- eram a obra-prima de sua grande cena. A despedida. E ri, quando pensei que por um segundo ela estaria me esperando sair, ao mesmo tempo que fingisse esperar o elevador. Respirei. Em alguns momentos, eu gostava das cenas, dos dialogos e frases de efeito. Quando eu sentia que poderia atuar junto a ela.
E o roteiro eu já imaginava: Sem muita paciência, eu sairia do apartamento, olharia aquela pobre menina que fingi não chorar (quando de fato já não chorava). Eu veria em seus olhos o doce prazer inevitável de me fazer ir atrás dela.Uma vez mais. Eu faria uma expressão de "só porque eu te amo muito" e respiraria forte. E a tomaria pela cintura e a abraçaria rápido para que não dissesse mais nada. E esperaria ela fazer menção de entrar novamente no meu apartamento. Ela assoaria o nariz. Molharia os olhos. E voltaria com um sorriso infantil. E eu sentiria raiva de novo. E a raiva passaria assim que aquela boca fresca me beijasse como se fosse para sempre.
Então fui ensaiado para a grande cena.
E pela primeira vez, nessa sessão, o final era outro.
Ator amador, pensei.

sábado, 7 de maio de 2011

Fui eu ou o amor?

Bate a porta e o som que ela faz quando o fez ecoa em sua cabeça. Se foi. Partiu. Como qualquer final infeliz que existe. Já faz 5 ou 7 dias que a porta bateu. O mesmo tempo - 5 ou 7 dias - que a porta bate em sua cabeça. O que ele nao sabe é quanto tempo faz que ele a busca no apartamento. Ele sorri, um vidrinho de perfume ficou. Um lenço, que para ele é uma amostra gratis do cheiro precioso do pescoço dela. As cartas. Onde estarao as cartas? Tem algumas espalhadas entre as gavetas do quarto e a sacola preta de lembranças...Existem 6 fotos dela, de mim, da gente de sorriso congelado, fotos que ela me deu, todas sao dela enderaçadas a mim.Onde estarao as fotos que eu nao fiz, que nao revelei, que nao existem? Agora todos os recados atrás de todas fotos parecem curtos. Livros! Existem mensagens nos livros que ela me comprou. Lindo! Existem até erros de ortografia e rabiscos e datas.
Tudo que existe dela no mundo vira ouro quando a porta bate. Tudo que nao era nada. Ou era, mas nao era muito, hoje, quando a porta bate, é tudo.

sábado, 30 de abril de 2011

diléctica de uma tonta

Não chove. Não faz calor. Nem frio.
Não estou cansada. Ou disposta.
Não sinto que deveria rir. E não tenho vontade de chorar.
Ontem é igual a hoje. E ontem não foi sábado.
Não tenho fome, mas não estou satisfeita.
Me contento com o pouco e me desespero por não ter muito.
Não tenho vontade de ver um filme. Ou ler um livro. Ou não fazer
absolutamente nada. Não quero responder que estou mal. Não quero
fingir que não estou bem. Todo dia passa, sem meu consentimento.
Todo dia passa, independente de mim.
Não estou cheia...Sim, me sinto vazia.