“Supera!” dizia a moça amarela a sua sombra.
“Supero, claro que supero, quando você quiser superar” respondeu a sombra.
A moça amarela desembestou a chorar “Não consigo, não imagina como gostaria” “Mentira!” gritou a sombra. “Como é?” Replicou a menina.
A sombra diminuiu o tom de voz “É mentira, você sabe que se quisesse, de verdade, superaria”.
A moça respirou pensativa “Então me ajude, dê-me ordens e eu as cumprirei!”.
“Mas eu sou apenas uma sombra” respondeu ela sorrindo.
“E eu sou apenas uma moça amarela pedindo ajuda a minha sombra.”
A sombra se ajeitou na parede e começou a falar rapidamente “Primeiro, coma três quilos de farinha para secar as últimas lágrimas. Queime os lábios com brasa quente para apagar toda a sensibilidade de sua memória. Quebre os espelhos de Narciso e respire embaixo d’água para evitar perfumes. Costure com linha grossa suas pálpebras para parar de ver sentido em tudo aquilo. Corte com tesoura de prata suas cordas vocais para esquecer o som das tolas palavras de amor que disse. Goteje duas partes de oceano nos ouvidos para afogar os sonhos. Bem, acho que isso será suficiente.”
A moça amarela chorava convulsionadamente “E o que faço com o coração?”.
Ela hesitou por meio segundo, mas disse “Remova-o!”.
“E o que serei eu?” sussurrou a moça amarela.
“Uma sombra”.
domingo, 30 de novembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Conto-de-tolo
Arremessa os sapatinhos 39 pela janela,
Despenca com eles a esperança de um "Felizes para sempre"
Aquela mesma janela da loura trança
Que jura só sentir dor quando
Nenhum a toma e sobe ao leito.
Pobre moça que finge dormir tranqüila,
Em busca de qualquer beijo, qualquer um
Que tenha se perdido pelo ar
E não se negue a despertar a moça acordada.
Despenca com eles a esperança de um "Felizes para sempre"
Aquela mesma janela da loura trança
Que jura só sentir dor quando
Nenhum a toma e sobe ao leito.
Pobre moça que finge dormir tranqüila,
Em busca de qualquer beijo, qualquer um
Que tenha se perdido pelo ar
E não se negue a despertar a moça acordada.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Malas desfeitas
Volto, volto sem saber por que voltei
Volto para repegar tudo que deixei
Recolho do chão a louça quebrada na parede
e limpo da taça a mancha do vinho quente.
Caminho em direção às margens do papel Canson
e afogo-me nas gotas homeopáticas deliberadas
pelo homem a minha frente.
A verdade é que não sei porque deixei meu pranto
queimar minhas palavras virtuais.
Elas, que passivas, não me abandonaram,
elas que tão sinceras não se apaixonaram.
Volto para repegar tudo que deixei
Recolho do chão a louça quebrada na parede
e limpo da taça a mancha do vinho quente.
Caminho em direção às margens do papel Canson
e afogo-me nas gotas homeopáticas deliberadas
pelo homem a minha frente.
A verdade é que não sei porque deixei meu pranto
queimar minhas palavras virtuais.
Elas, que passivas, não me abandonaram,
elas que tão sinceras não se apaixonaram.
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