domingo, 3 de maio de 2009

Despedida

O céu vai se despedindo da cor de vanila e nesse momento sinto o gosto do sorvete na boca. Morarei ali, além da montanha que abriga a favela, além do lugar que não tem eletricidade, próximo do arco-íris da infância. Meu destino é esse. Vou esquecer o último gole, a dívida e a hipoteca.Enterrarei a esposa e as duas meninas que envergonho.
Serei feliz ali, além do morro colorido, do esgoto aberto. Onde não há dor ou monstros da infância. Ali, nos meus desenhos de giz-de-cera, de árvores e mãos desproporcionais.
Ali, onde o rosto do sol, atrás da montanha, embala meu sono.

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