quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um prato com figos, por favor!

Hoje de manhã, abri a porta do armário talhado em madeira que guarda a porcelana da casa, o jogo de talheres do dia-a-dia, a cesta dispensada para o pote de aveia, o mel caseiro - que já começa a açucarar nas bordas do vidro - as vitaminas, compridos e suplementos esquecidos ali; as castanhas e nozes murchas; uma porção de coisas desconexas.
Diferente de ontem, vi o prato fundo de porcelana pintado com outras flores - e o fio de prata da borda gasto pelo uso. Lembrei das vezes que aquele prato fundo assentava figos e pêssegos frescos nas tardes de feriado na casa de meu avô. (Tardes que agora me são tão significativas.)
Lembrei do cheiro da casa guardada pelo tempo, dos típicos sabonetes Granado e de suas camisas Lacoste.
E sim, o gosto daqueles figos doces na minha boca infantil que não existe mais.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Com sofá e sem história

Fim da semana. O sofá novo e -por isso - sem história suporta hoje todo o peso do meu corpo cansado. Suporta minhas orelhas inchadas pelos brincos de pérola falsa. Suporta minha meia-calça com um furo no joelho, mas sem explicação. Suporta todas as cutículas de todas minhas unhas displicentes. Suporta meus cílios pesados. Ou ainda mais pesados pelo rímel de marca barata.
Hoje disse a um amigo. A despedida é um caco de um cortejo fúnebre que se partiu em mil pedaços. Depois ri.
Partirei.
Antes de ouvir desse sofá a história que está por vir.