segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Fisgou!

Conheci um pescador em uma viagem a trabalho ao Pantanal Mato-grossense. Ele era um tipo divertido de pessoa que conduzia uma boa prosa como ninguém naquele vilarejo. O que o pobre- literalmente pobre – homem não sabia era como fisgar uma mulher.
Admito que o cheiro de peixe podre e as unhas sujas de barro do alagado não poderiam servir de grande ajuda, mas seus companheiros, igualmente higiênicos, tinham uma sereia em casa no final da tarde à sua espera.
O desolado pescador que tão pouco sabia do mundo pediu-me ajuda, afinal para ele, o homem da cidade grande conhecia as mulheres... E como não ajudar? Comecei oferecendo-lhe um banho de verdade e roupas sem remendos grotescos.
Soube depois de alguns dias pela senhorita que me instalara no hotelzinho que o verdadeiro problema estava na sanidade de meu amigo, pois este era dado a conversar com os monstros marinhos que habitavam a imaginação fértil de toda aquela gente. (Sim, pois a loucura não estava na crença dos seres, mas na oratória com eles.).
No último dia de minha estada naquele pedacinho de terra úmida, ouvi da mesma senhorita que o pescador finalmente fora fisgado por uma sereia de verdade. Os companheiros juntos dele no dia da pesca juram que o mesmo moço infeliz que me recebera dias antes, sorria orgulhoso com o rabo de sereia no colo.
Na volta para casa a intrigante estória corroia meu bom senso de homem urbano e confessei baixinho naquele ônibus caindo aos pedaços que talvez existissem as tais sereias e monstros.
Depois ri seu cheiro, felizmente não seria mais sentido embaixo d água.

Nenhum comentário: