terça-feira, 8 de julho de 2008

Estufa de flores

Era a mesma casa, só os móveis que pareciam mais altos da última vez que estive lá. Os mesmos quadros de flores pintados pela dona da casa, os mesmos copos e até as mesmas garrafas na prateleira do bar nunca usadas, mas a senhora não era a mesma...Não era aquela que pegava no meu pé para comer mais devagar, não era aquela que costurava toda moda na velha máquina.
A verdade é que a senhora não queria mais saber das orquídeas do jardim, do cão mimado e dos moldes de roupa e me pergunto agora se queria saber de mim... Se queria saber dela mesma...
Escrevo na casa que ainda guarda o cheiro do estático, do nunca usado e do sempre mantido. Escrevo no computador que a senhora tem, o único objeto que faz hoje parte de meu contexto.

A senhora se mantém como sua casa: imóvel, distante, mas de certa forma com alguma coisa das flores, com algum mimo do cão, com a respiração que segue a máquina de costura e com os olhos abertos que enxergam algo que me encantaria ver.

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