segunda-feira, 4 de junho de 2007

O pescador

Ela entrou sorrindo com as amigas em um barzinho badalado da cidade.
Era o primeiro dia dele no novo trabalho, disseram que era corrido, mas pagavam bem.
Tiveram que esperar até que uma mesa vagasse.
Vestiu-se e esperou o gerente. Sempre teve vontade de entrar naquele lugar caro, faria-o pela porta dos fundos.
Perguntaram a ela sobre o namorado. Respondeu pouco convicta que as coisas iam bem.
O lugar estava cheio e os pedidos corriam em suas mãos nervosas, mas até então conseguia dominar bem os clientes “playboys”.
Uma mesa aguardava por elas, atravessaram o lugar acompanhadas por olhos curiosos.
Um casal o chamou para pedir a carta de vinhos.
Ela notou um homem alto que parecia um tanto apressado, mas que parou por um instante.
Ele viu um anjo no bar, e seu olhar devoto foi o mais perto que se permitiu chegar dela. Era a menina mais linda, perfumada e encantadora. Parecia diferente de todas e exatamente igual a um sonho distante.
Ela dissimulou tímidos os olhos.
O casal descrente da falta de atenção do garçom, reclamava alto.Ele não conseguia parar de olha-la.
Mais curiosa que tímida, ela lançou, novamente, seus olhos dourados ao pescador, que se mantinha agraciado com a visão.
Um outro garçom o chamou e exigiu providência. O casal ainda esperava a carta de vinhos, haviam pedidos a serem entregues e pedidos a serem feitos.
Ela foi pra mesa mais calada, se perguntando o porquê daquele momento. Instante brilhante que a fez senhora daquele olhar cativo do pescador.
Ele voltou a recente rotina, um tanto desatinado. Sairia dali bem pago mesmo sem receber salário.
Nunca a olharam de um jeito daquele. Descobriu-se dona de um outro alguém. Amou-se como se pela primeira vez. E viu-se refém de redes que poderiam nunca mais ser lançadas.
E não foram.
Ele perdeu o emprego.
Ela despediu o namorado.
Ambos... Noites de sono.

Nenhum comentário: