sábado, 26 de maio de 2007

A previsão no café

Cabelos loiros, roupas coloridas e surpreendentemente harmoniosas. Sorria animada de tempos em tempos com o livro entre suas mãos que seus olhos brilhantes acompanhavam com toda atenção.Não a conhecia, mas tomar o último gole de café sem antes ouvir sua opinião sobre qualquer coisa, seria o café mais amargo e arrependido que teria chance de provar. Como tirá-la do prazer da leitura sem que seu sorriso não sumisse por muito tempo?
Levantei rapidamente, cheguei perto de sua mesa e esperei atenção...Nada aconteceu.Tive que começar:
-Olá, importa-se em dizer seu nome?
Ela, sem tirar os olhos do livro , perguntou-me mesmo parecendo não querer ouvir resposta:
-E ganho o que em troca?
O que era aquilo? Quem em sã consciência faz uma pergunta como aquela?Mas agora minha honra estava em questão. Notei anteriormente a capa de seu livro que trazia figuras estilizadas de cartas de baralho e o título:"Tarô: Histórias de infortúnios e amores no jogo."
Comecei um pouco pensativo:
-Se me disser seu nome, te darei uma previsão do seu futuro - Ela agora me olhava e respondia sim com a cabeça- Uso uma técnica diferente de todas que você possa conhecer, que vai além dos búzios e cartas. Faço a leitura dos sinais de nascença, como pintas e manchas. E posso dizer seguramente que a pinta próxima dos seus olhos combinada com a mancha em seu pescoço significa paixão a vista.
Ela sorriu e puxou a cadeira me convidando para sentar. A partir daquele dia passei a acreditar em previsões. E depois de pedir mais uma rodada de café para uma longa conversa, questionei:
-Ainda não me disse seu nome...
-Pensei que era adivinho...
Sorri tímido, como não acontecia a muito tempo.

Um comentário:

Renê Couto disse...

Puxa vida...
Quem me dera ter uma lábia com esta.

Realmente, fiquei curioso em saber a parte seguinte desta história!

Como em qualquer bom romance, é como se eu estivesse na mesa ao lado.

Então espero poder ouvir mais dessa conversa!

Afinal, ela ainda não disse seu nome.