quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ônibus da Cidade

Depois de um dia cansativo, consegui subir no ônibus com meu último suspiro. O calor que juntei na corrida pelo ônibus parado se somava àquele ar natural que todo meio de transporte coletivo do Brasil no verão tem.
Então, no sacudir do ônibus, meus olhos encontraram ao acaso um livro aberto. Queria eu ter tido a chance de parar antes, enquanto eram apenas palavras soltas...Mas li.

Algo como:
- Desculpe Greta, não queria ser rude.
- Tudo bem.
- É que eu estou...
- Eu apenas não quero sua amizade, pois nunca sei quando você terá esses ataques de mal-humor.
- Não faça isso.
- Não há outro jeito, Diniz.
- É que...Eu te amo.

E por um segundo, eu vi Greta confusa e ouvi Diniz gaguejar de nervoso...
Olhei a minha volta, senti meu cheiro de suor feito de poeira e calor, vi as mãos calejadas da dona livro, percebi sua alça de sutiã displicente e seu cabelo desordenado amarrado em coque.
Queria cutucá-la e dizer que a história é verdadeira. Queria chamá-la de Greta e ver seu Diniz a sua espera na próxima parada do ônibus.
Era triste não poder me furtar de um romance tolo para dar a ela de presente.
Desci quase desolada, mas pedi a Deus que desse aquele livro um fim pior do que aquela dona.

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